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terça-feira, 22 de junho de 2010

Na volta dos sonhos.

Estive vulnerável às ofensas que ela mudamente me dirigia. Eu via em seus olhos um ódio insano por mim: sentimento recíproco.
Ela teve a audácia de me aparecer em sonho, discutindo minha dignidade, caráter e forma de vida. Jogou amargamente em minha face o não-amor de sua cria por mim. "É por isso que o meu filho não gosta de você!" - no sonho eu lhe mostrava as costas, seguia. Mas na realidade, as palavras ecoavam em minha cabeça.
Na noite seguinte foi a vez dele me visitar os pensamentos sonâmbulos. As más companhias o tinham feito diferente: estúpido, arrogante, cheio de si e maleficamente sarcástico. Sentara à beira da janela do meu quarto e começara a destilar o mesmo veneno que sua genitora destilava. "Algum problema?" - Indaguei-o, com segurança e rispidez. Teve início a discussão. Eram palavra sujas, sem necessidade de serem proferidas.
Eu que há muitos meses não via a figura dele em meu sono, vi no que antes era sonho colorido, um negro pesadelo. Ele havia voltado diferente. Os sonhos sofreram metamorfose, perderam brilho, encanto, cor. Tudo me voltou às avessas, menos as lágrimas, que eram as mesmas.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Presente passado, passado presente

O presente me olha

Cada vez mais distante

E o que sinto agora

Não é o amor de antes

Não sei o que há

Mas algo estranho acontece

É o presente, meu Deus

Que em passado se converte

O passado sobe rampas

O futuro, escadarias

No passado só lembranças

De perfeitas alegrias

Uma parte de mim

No passado deixei cair

Mas quero no presente

Essa parte reconstruir

Para gostar da lembrança

Que no passado ficou

E para o presente

Uma palavra: amor




Poema escrito em 4 março de 2007.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

29.

Eu não precisava estar ali
Mas estava.
Ninguém me obrigava!
Mas eu estava.
Quem me obrigava?
Ora, não importava!
Nas horas (que quem dera, fossem vazias)
Estava envolta a nostalgias
E era eu que me obrigava

Não na minha parte que me ama
Mas na parte que ama a ti
Violenta, doentia, inconsciente!
Orgulhosa e sofridamente
Não conseguia me deixar ver o dia corrente
Como um dia comum, qualquer

Cruel, mesquinho: desatino de mulher
Não é sempre que se pode ter aquilo que se quer
Eu, dona de um coração insano
Fui condenada a passar mais um ano
Chorando, no tapete atrás da porta
Vendo minha esperança no chão: estirada, morta

As paredes me sufocam,
Murmuro cada vez mais baixo
E minha voz, perdendo as forças
Consegue gritar só dentro de mim
Portas trancadas, daqui não saio
Fico me ouvindo dizer:
Odeio celebrar o teu nascer
Por isso odeio: 29 de maio!