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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Escolha certa

"Eu não podia pensar nele. Isso era algo a que eu tentava me prender. É claro que eu cometia deslizes; eu era apenas humana. Mas estava ficando melhor, e assim a dor era algo que agora eu conseguia evitar durante dias. Para compensar, tinha o torpor interminável. Entre a dor e o nada, eu escolhera o nada."
(MEYER, Stephenie. Lua nova. Intrínseca. Novembro, 2008)



N A D A. Minha vida estava coberta de nada. Eu andava rindo um pouco, brincando de ser feliz. Mas depois de certo tempo, me dei conta. Eu estava vazia. Sem ele, eu seria sempre vazia. Poderia sorrir, até (pensar) ser feliz. Mas sempre faltaria algo. Sempre faltaria o sorriso dele, a voz, o andar, o cheiro. Mas eu tinha um problema: ele já não era o mesmo a quem eu queria me entregar. Ele mudara, ou mostrara sua verdadeira face: que não me agradou.
Era um dilema. Perdi o homem da minha vida, antes que ele pudesse ser um homem, de fato. Era um adorável menino, até o momento em que desfigurou-se sob os meus olhos. Eu não conseguia aceitar, eu não tinha como perdoar! As lembranças entravam em contraste com o presente e me matavam um pouco mais do que eu já havia morrido.
Agora eu tentava me afastar de todas as formas, cortar todos os vínculos. Mas não parecia ser o bastante. Eu fugia da dor, e me lançava no vazio. Até que ponto a minha escolha era certa?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desvario


Não acredito na hipótese de que ela tenha se feito amargura, depois de tanto perder água, sangue, e muito mais. Estava apenas imersa numa nova fase, numa transição.
Ora, se antes ela o amava perdidamente, e morreria por ele (e havia morrido um pouco, é bem verdade); agora buscava alguém que pudesse ser o novo "ele" em sua vida. Não era uma procura fácil, cada dia ela testava um: aos domingos se deixava apaixonar por um rapaz, às segundas e quartas seu novo amor já era outro.
E assim, todos eram seus amados. Um em cada dia, cada um em sua vez: o da tela do cinema, o dos autódromos, o dos palcos, o dos noticiários. Esses eram os mais surreais. Mas mesmo assim, ela os imaginava, na esperança de tirar seu foco do amor passado (passado?). Depois, no dia-a-dia, vinha seu aluno, seu professor, e até mesmo o super-homem.
E nesse desvario de procurar alguém para amar, amava todos. E continuava amando Ninguém.

domingo, 5 de setembro de 2010

Você vai me destruir?


Ela é fria, amarga e no fundo sempre sozinha. Se apaixonou demais, não foi correspondida nunca e odeia metade do mundo por isso. Se afastou de boa parte dos amigos, por não aguentar lições de moral. Deixou de escrever, de ler, de cantar. Nada mais tinha graça, pra quê fazer algo contemplativo?
No lugar de seu coração, hoje tem uma pedra. No lugar das lágrimas sensíveis, nada mais. Dos sorrisos meigos, mais nada também.
Ele cansou de amar. Ela não vai mais amar. Nunca. Mas ah, qual é? O amor nunca foi mesmo com a cara dela...

Ela é em quem você quer me transformar. Ela é a última pessoa que eu quero ser. Você quer me destruir... Conseguirá? N Ã O.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pretérito II

É um encaixe, uma meta
Uma escolha tão incerta
Do não-amor, o frio, a paz
Ausência de dor, rompendo os ais

De tanto querer bem-querer
Sofrida a vida se fez
Quisera mal-querer, esquecer
Sepultar o amor de vez

E aí veio a auto-suficiência
Facilidade em deixar pra lá
Tecendo uma nova existência
Navegando num novo mar

Falso fácil fez-se, então
No novo mar a tormenta
Vai entender, coração
Esse mistério que te alimenta

Diz-se não-esquecimento
Aponta-me a falta de mérito
Pise em meu meu sofrimento
Deixe-me em paz, ó, pretérito