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quinta-feira, 27 de junho de 2013

Quando sempre é nunca


Seis anos. Quase como que seis segundos de ventura em seis décadas de amargor. Lágrima que passou arrastada, no riso que precocemente se escondeu por trás dos lábios. Seis pedaços agonizantes de uma história que se esqueceu do "e foram felizes" antes do "para sempre".
O engraçado - para não ser trágico - é o quanto você ainda tem a melhor parte de mim, mesmo depois de tanto tempo. O quanto meus esforços de cortar todos os vínculos e me encaixar num mundo onde ninguém ao meu redor soubesse da sua existência foram em vão. O quanto a nota que vibra mais afinada em minhas cordas vocais ainda pertence a você, mesmo que para eu cantar bem, o coração tenha que ficar dolorido.  
E no meio da passagem desses pensamentos na minha cabeça, é no mínimo irônico constatar que eu também sou sua única história a ser contada. Eu não tenho nada além de você para mostrar às pessoas que amei, um dia. Você não tem nada além de mim para dizer que foi amado. Não daquela forma com pele, sangue, alma e vida. Ninguém lhe prestou serviços amorosos de vassalagem como eu. Ninguém se submeteu aos seus caprichos infantis por amor. Ninguém aceitou tantos calos nos dedos por massagear incessantemente o seu ego inflado. Ninguém nunca se estirou no chão para que você passasse por cima. Exceto eu. Ninguém nunca lhe amou daquela forma... Com aquele amor. Com este amor. Que me assombra durante meu sono, mesmo depois de morto e enterrado. Meu fantasma. Meu carma. Minha ópera que ecoa macabra por trás das minhas cortinas, mesmo que para quem olha da plateia, tudo pareça em seu devido lugar.
Ontem me disseram que seu tempo em minha história havia passado. Mas o seu tempo, incorrigível, não passa. O seu tempo é sempre. E não passa. Nunca.