Marcadores

terça-feira, 25 de março de 2014

Antonius



Não é verdade isso, que deveríamos ser melhores amigos? Um dia, acho que fomos. Mas isso já faz muito tempo. Como quase tudo de memorável na minha vida, eu tinha dez anos. Nossa cumplicidade caiu em algum dos 365 dias do ano de 2002 - que eu nem lembro se foi ou não bissexto -. Ela caiu e ficou lá.
Desde então eu vivi pra esperar que você se importasse. Esperar que você viesse e entrasse em sintonia comigo. Esperar que você fosse o herói no qual eu acreditei durante os meus dez primeiros anos de vida. O herói no qual eu me enrosquei todas as noites, quando era menina, pra tirar o primeiro cochilo antes de ir pra minha cama, porque debaixo da sua asa era mais seguro. Mas deixou de ser. Não por falta de segurança, mas pela sua asa que se fez ausente. Por você, que se fez todo ausente. Que depois voltou, de corpo presente, mas nunca mais voltou de verdade. Nunca mais foi inteiro.
Diante de tudo, me pergunto... A gente se conheceu algum dia? Você realmente acha que sabe quem eu sou? Por que o longe se faz alento, quando devia ser tortura? 
Esta sou eu, querendo te amar À distância, pra preservar alguma beleza que ainda resta. Pra conseguir não deixar de te amar. Pra te fazer ainda valioso e inestimável, em algum lugar dentro de mim.