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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Rosa dos Ventos


Moreno bonito, distante
Se eu nunca te vi antes
Foi pra não me apaixonar

Apaixonada feito agora
Rogando a Deus, Nossa Senhora
Onde é que eu posso te encontrar?

Rosa dos ventos me apontou sentido
Me deu motivo, destino, lugar
Eu voei com medo e tudo
Partindo pro seu mundo
Por favor, me deixa entrar

Eu te vi tanto, mas foi tão pouco
Esse encanto só pede mais
Quero teu colo e quero de novo
Pra esquecer todos meus ais

Vou deixar o tempo passar
O mundo girar
A roseira florir
E eu vou te encontrar
Outra vez


Obs: Rosa dos Ventos é uma obra musical, com letra de Natércia Dantas e melodia de Diego Oliveira

domingo, 27 de dezembro de 2015

Eu sei que vou te amar


Te escrevo sabendo apenas que você virá. E falo assim, sem mais receio de parecer louca e/ou tonta, só porque sei que você é, em algum lugar desse mundão de meu Deus. É você. E eu exercito a minha fé ao te falar assim, com tanta convicção. Eu te acredito e sigo fazendo de você a minha prece de Natal, meu desejo de Ano Novo, meu pedido a estrelas cadentes. Mas não peço para que você exista, nem que sua chegada seja antecipada. Sei que você é. Sei que você vem. Leve o tempo que precisar para que seja pra sempre. Eu só peço a graça de te reconhecer. Peço o dom de te olhar e, desde a primeira vez, saber que eu vou te amar.
Não, não vai ser amor à primeira vista, essa coisa vazia. Mas, à primeira vista, vou saber ver em você terreno fértil pro meu amor brotar. E então ele não será mais meu, e sim nosso. Vou - vamos! - pouco a pouco cuidando da terra e, quando nos dermos conta... Teremos botões de rosas brotando por todo canto dentro de nós. E mesmo agora, que nem chegou a hora de semear, já me pego olhando as sementes tão lindas e intocadas que tenho em mim, imaginando-as florir. Dentro do peito, meu amor dorme o sono dos justos. Foi quase acordado por alguns, mas ainda não era hora dele despertar. E nenhum dos despertadores era você. Apenas quando você vier é que ele vai se espreguiçar debaixo das cobertas e levantar feliz, satisfeito. Acordar pra vida. A nossa vida. Só você pode me acordar o peito e eu vou saber disso quando te ver.
No mais, desde já desejo que a gente se reconheça, se encontre (no sentido mais amplo que a palavra possa ter) e se ame. Desejo pra gente mãos dadas na beira da praia, sete ondas puladas nos próximos réveillons, dormidas juntos de conchinha, risos doces... E por falar em doce, desejo pra gente algodão doce, bolo de cenoura com calda de chocolate, sorvete, fins de tardes dominicais no parque. Desejo pra gente pores do sol, nasceres do sol, luas cheias, eclipses, banhos de chuva, de piscina, de mar... Mas de chuveiro também vale.  Desejo que a minha bagagem não te incomode, só te acrescente; e que a sua seja da mesma forma pra mim. Desejo pra gente voz e violão, letra e música, sons. Uma trilha sonora memorável. Desejo pra gente filhos, dois pares de olhos sempre brilhando, aplausos sinceros de um para as conquistas do outro. Alegrias multiplicadas, dores divididas. Brigas. Pras pazes virem se fazendo amor. Eu desejo tanto pra gente, e desejo tanto a gente, que eu sei: quando te ver, vou ter a certeza de que vou te amar. 





quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pressa de amar. Prece de amor.


Os dias começavam a variar a velocidade com a qual passavam. Novembro, tão doce, parecia ter ido embora como que em uma semana. Dezembro já chegava mais austero, como que cobrando racionalidade, apontando o fim de um ano difícil. Pela dificuldade toda da vida, o fim do ano era consolo. Mas, por outro lado, era uma espécie de cobrança de realidade. Era algo que parecia querer estipular um prazo de validade para aquela coisa - nova, mas velha conhecida - que teimava em ocupar espaços no peito dela durante as últimas semanas. Só que tudo não passava de abstração. O tempo que aquilo levaria era indefinido. Ela poderia estar curada em um dia, uma semana, um mês, um ano... Ou nunca. Não era possível prever.
E enquanto continuava imersa neste tempo indefinido, seguia sonhando com ele. Todas as noites. Desde a primeira vez que o vira. Os sonhos eram diferentes, mas no geral tinham o mesmo enredo. Era sempre ela indo atrás dele: batendo à sua porta, telefonando, mandando mensagens. Podia ser um sinal do universo para que ela o procurasse. Ou só o reflexo da sua vontade reprimida. Ela queria, mais que qualquer coisa naqueles dias, procurar por ele. Mas não sabia como, e muito menos se era a coisa mais correta e sã a se fazer.
Sanidade. A dela parecia ter se esvaído. Ou estava momentaneamente escondida num lugar que ela não sabia onde ficava. Mas estava tentando não pensar naquilo, naquele momento. Estava estranhando seus próprios desejos e atitudes, porém, achava que a sensação merecia ser desfrutada. Afinal, poderia ir embora da mesma forma repentina como havia chegado.
Era uma agonia inebriante e tudo que ela conseguia fazer era sentir a necessidade de mais. Sentia falta dele como se sente a falta de gente muito especial na vida, só que mal o conhecia. Tinha saudade dos poucos dias em que pôde acordar com ele por perto. Tinha uma vontade desesperada de voltar no tempo. Mas como é sabido de todas as gentes, isso não é permitido a ninguém. Ela teria de construir novas lembranças. Não poderia voltar, só seguir e esperar com todo coração que o encontrasse de novo em alguma esquina, algum lugar. Não tinha mais a quem recorrer, senão a Deus, anjos, santos, rosas... Pedia perdão antes de cada prece, pensando estar gastando sua fé com coisa tão pequena, mas ainda assim, rezava. Suplicava. Fazia novenas. Ficava se perguntando se não seria pecado pedir a Deus o coração daquele moço, com um mundo todo sofrendo tanto por causas mais sérias, mais reais. Mas mesmo assim, não deixava de pedir. Era só o que podia fazer. E era tudo o que faria. E continuaria fazendo. Até que o céu a ouvisse. Até que suas orações a levassem para junto dele outra vez.

sábado, 7 de novembro de 2015

Xeque


Sentiu uma vontade incessante e escandalosa de sair correndo naquele dia. Sabe Deus em qual direção. Talvez para o mar, mas terminaria afogada. Ou melhor, já se sentia naufragar mesmo em terra firme: suas emoções indecifráveis não a deixavam abastecer os pulmões como devia. Inspirava um ar entrecortado. Estava agitada demais para saber onde se lançar.
Dentro da caixa do peito, o coração protestava. E ela não entendia. Era verdade que os tempos não andavam exatamente fáceis, mas aquele mal estar emocional agudo e repentino parecia não fazer o menor sentido. Era a agonia que não lhe permitia discernir. Se fosse capaz de se ouvir um pouco, perceberia que aquele som, ensurdecedor e desafinado, que lhe vinha de dentro, nada mais era que sua alma, em movimento. Estava rompendo mais um de seus casulos. Agora, um no qual nem sabia que havia se enfiado.
O tempo, que até então se arrastava, parecia ter resolvido correr. O calor que fazia àquela época do ano colaborava com o sentimento de ansiedade. Convites: a cidade a chamava para fora, a vida a chamava para ler - ou escrever - as próximas páginas, e ainda tinha aquele quê de hiperatividade, que a intimava a se mover. Tinha que acabar aquela partida, para dar lugar a outras. Era chegada a hora de mais um xeque-mate.
E num piscar de olhos, percebeu: o coração revolto, que bradava no peito, não estava simplesmente batendo. Estava mudando.

domingo, 4 de outubro de 2015

A verdade

Você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Não quero parecer rude. Mas o que se há de dizer sobre esses amores que destroçam a gente por dentro e que tornam lágrimas coisas banais do cotidiano? O (nosso amor) meu amor por você era desses. Meus amigos me viam chorando pelos cantos e já sabiam o motivo. Você. As burradas que você fazia. Aquele seu jeito cheio de si, mas ao mesmo tempo completamente infantil, de fazer piada sobre o que me batia no peito. A sua mania feia de fazer pouco caso de mim quando a sua "galera" estava por perto.
"Ele não te merece": frase recorrente na boca dos meus amigos, que acertavam meus ouvidos e ecoavam dentro da minha cabeça. Mantra alheio que fazia eu me perguntar quão pequena eu poderia ser para caber no teu merecimento. Eu cogitava me diminuir, se fosse o caso de realmente acreditar que era muito pra você e não o contrário. Pra mim, aos meus olhos - míopes -, à minha audição - prejudicada -, aos meus sentidos - tortos -, ao meu coração - eternamente descompassado -, era sempre você o lado grande da história.
Mas sabe o mais irônico? Se eu sorria bobo e largo, todo mundo também sabia que era por sua causa. Você precisava de pouco, muito pouco, para me emanar doçura. Para me dar sonhos bons de madrugada. Suspiros no meio das aulas de Matemática. Poesia - que, claro, eu que escrevia - nas aulas de Literatura. Relatos repletos de alegria apaixonada no meu querido diário. Hoje eu leio as coisas que escrevia naqueles caderninhos e só consigo sentir vergonha alheia de mim mesma. Sim, alheia. Porque aquela não sou eu. Não mais. E você também é o motivo.
Obrigada por me ensinar tanto sobre mim. Te amando, eu vivi um autoconhecimento que talvez eu não tenha mais na vida, de uma maneira tão profunda, e decisiva, e válida. Te amando, vi que perdão é uma arte que demanda mais tempo do que palavras. Percebi, depois de muito murro em ponta de faca, que Deus disse para nós amarmos o próximo como a nós mesmos, logo, se eu não me amar primeiro, não tenho condições de amar ninguém de forma saudável. Depois de Deus, eu tenho que ser o meu primeiro amor. E permanente. Te amando, descobri que é nobre - não bobo - querer o bem a quem nos faz mal. E percebi também que nem todo mal que nos fazem é intencionalmente. Te amando, eu acreditei e desacreditei em destino e alma gêmea. Eu percebi que planos a longo prazo têm grandes chances de serem modificados, porque a vida muda e com ela, a gente muda também. E mudam os quereres. E isso não é ruim! Mover-se é não estar no mesmo lugar, é não querer o mesmo lugar. Isso é rico. Te amando, eu fui de sonhadora-romântica-primordialmente-platônica-iludida-apaixonada-esperando-conto-de-fadas a jovem moderna que escolheu a racionalidade por porto seguro. Percorri esse longo caminho pra depois recuar um pouco e escolher ficar no meio termo. Equilíbrio, enfim.
Depois de te amar, confirmei que amor não acaba, muda. De pronto, o nosso meu se tornou raiva, mágoa, veneno, trauma, e depois de tanto despejar dentro de mim essa coisa amarga, virou paz. Virou a história engraçada, inusitada, maluca, infantil e apesar de tudo doce, que eu conto até hoje. Que eu acho que vou contar sempre. Que acho, inclusive, que vou usar de exemplo para consolar as dores adolescentes dos filhos que ainda quero ter na vida, e veja só, não com você. Depois do amor, vivi um tempo de clausura nos meus próprios porões. E vi que fui eu que me tranquei, pelo lado de dentro. E aí, depois de muito te perdoar em silêncio, tive que te pedir perdão. Finalmente reconheci que não era justo colocar na sua conta todos os meus medos e frustrações. Vi que não era certo com você, e nem comigo, eu te usar como desculpa para não seguir em frente. Foi então que pedi perdão a mim, e me perdoei.
Eu te desejo muita luz, muito amor, muita fé, muito axé, muitas coisas lindas, longe de mim. E longe de ti, me desejo o mesmo, que também sou filha de Deus e, hoje sei, não sou menor que ninguém. Amado, você foi a melhor pior coisa que aconteceu na minha vida. Gratidão.

sábado, 27 de junho de 2015

Vecchio


Não tenho escrito nada de muito valor desde que nosso laço afrouxou. Ele que esteve tão firme, com fitas brilhantes, agora está quase que desatado por completo. Uma pena. Em consequência disso, me falta inspiração. Mas quero te dizer que fui feliz. Nossa relação cintilava. Nos entendíamos como poucos, sendo poucos, dentre muitos. E os dias em que você não ligava se arrastavam pela passarela do tempo. Às vezes, minha primeira frase pela manhã, ao falar com Deus, era "que ele me ligue hoje. Amém!". Nem sempre o amém se fez. Mas quando se fez, eu fui muito feliz. Eram minutos vários, alguns que até se faziam hora, e eu me sentia bem. Toda aquela euforia doce que eu já conhecia, agora tomava uma forma inédita: conseguia, em meio ao descompasso do meu coração, ser serena.
Tem dias, como hoje, que a falta de você lateja. Às vezes penso em telefonar, perguntar como foi o dia, como têm sido os dias longe de mim... Mas tenho medo da resposta. Coragem nunca foi o meu forte. Nem frieza. Aí fico aqui no meu canto, curtindo o que me resta: a memória de um calor que não mais me aquece. Sabe, velho, naquela época eu poderia jurar que... Mentira. Eu não jurava. Duvidava até a última gota. Talvez por isso mesmo hoje estejamos como estamos. Você aí. Eu aqui. E vale ressaltar que entre "aí" e "aqui" parece haver um largo abismo. Safo mesmo é Frejat, que sabe ler sinais do corpo em conversas demoradas. Eu, analfabeta sentimental, não soube. Ou soube e fingi não saber porque, pra variar, tive medo.
Essa semana eu estive pensando em como tudo teria sido diferente se você tivesse falado o que eu queria ouvir assim, com todas as letras. Pensei em como nosso destino seria outro se, ao invés de esperar que minha autoestima limitada juntasse lé com cré, você tivesse ido direto ao ponto, como tantos outros fazem. Mas talvez o meu medo tivesse me segurado da mesma forma, e depois de ir direto ao ponto, você voltasse com as mãos vazias de mim e eu pegasse o caminho oposto com as mãos vazias de você, como sempre é. E aí você iria parar na minha galeria dos outros, que tocaram a campainha e deram com a cara na minha porta. Eu e minha incapacidade de doação afetiva teríamos transformado você em mais um que não foi convidado para festa. Só que não seria verdade. Na real, você deveria ter passe livre. E talvez eu só esteja dizendo isso, da sua entrada liberada, porque sei que você não vem mais. Tenho um tesão louco por impossibilidades.
No fundo, no fundo... Não sei se a nossa amizade era de fato benéfica pra mim. Sempre, em alguns trechos do caminho, eu terminava alimentando uma ponta de ilusão. Acho que era ilusão. Hoje, olhando aquilo que a gente tinha, não dizer o que era realidade e o que era fruto da minha imaginação fértil. Para mais, ou para menos. Sim, porque eu posso ter criado em alguns momentos a ilusão de que você me amava. Mas, pelo medo de sempre, eu posso também ter justamente me iludido pelo contrário. Pelo sim ou pelo não, é bom que eu não te tenha com justificativas ambíguas. As duas possibilidades seriam dolorosas: ter desperdiçado - por pura cegueira - o amor que você tinha para mim; ou ter te perdido justamente porque nunca tive, e porque você nunca me amou. O meio-termo me conforta mais. Ficar pensando nessa história e nos seus "ses" desvia um pouco minha atenção do final indesejado. Ou inevitável. Por via das dúvidas, foi a maldade do tempo que quis que você estivesse aí e eu aqui. Só porque "aí" e "aqui" nunca serão o mesmo tempo, nem o mesmo lugar. Nem o mesmo querer. Nem o mesmo nada. "Aqui" e "aí" são ridícula, imutável e cruelmente opostos. Água e óleo.
Mas sabe que ainda acho que seria bom se você viesse, velho? Nem que fosse para, ao se tornar possível e ao alcance, me fazer deixar de te querer.



segunda-feira, 1 de junho de 2015

Adeus, maio velho! Feliz junho novo!

Chegou ao fim um maio nebuloso. Foi um mês-montanha-russa, no qual encarei os altos e baixos ora gritando, perdendo a compostura... E ora engolindo o grito. Ora em êxtase, e ora sentindo muita dor. E o mais irônico é que, dentre todos os meses do ano, o que eu mais esperei foi maio. Agora, ao fim, eu já não via a hora de maio partir. E foi-se. Graças a Deus.
No começo desse mês eu experimentei doçurinhas. Ele não foi de todo ruim. Mas no que foi ruim, decidiu-se por sê-lo com convicção. Devo admitir que no se propôs a fazer, maio caprichou e fez bem feito. Maio me feriu. Ou melhor, maio deixou que me ferissem. Não satisfeito, foi além: deixou que eu ferisse gente, só pra eu sofrer ainda mais, ao me perceber no papel do algoz. Tinha que ter uma cereja no bolo. E tinha que ser bem amarga.
Valeu a viagem. Agora deito nos braços do mês que entra. Conto com a brisa de junho para me manter sã, com a cabeça fria e no lugar. Conto com o aconchego que o frio pede, para poder encontrar o perdão que em maio não consegui dar, nem receber. Conto com a chuva de junho, para me lavar. Conto com a magia dos recomeços, para que toda mazela de maio tenha ficado mesmo por lá. Conto com os santos de junho, para orarem por mim.

domingo, 10 de maio de 2015

Para quando Maria vier


Nasci. Catarsiei-me no parto. Vi toda a minha vida respirando sem meus pulmões, batendo com um coração que não era o meu. Minha vida, de repente, estava nos meus braços, pesando pouco mais que dois quilos e meio. E chorava de susto por existir. E eu chorava de alegria por existir numa nova instância, proveniente dela, minha vida. Maria.
Ela chegou como brisa de boas notícias, soprando numa atmosfera mergulhada nos tons laranjas do fim da tarde. Minha razão, minha força vital, tudo que me impulsionava positivamente agora estava nela, não mais em mim.
Nasci quando fui mãe. Perdoei todos os nãos e coisas tristes que me foram dados pela vida no meio do caminho. Porque minha vida, dali em diante, era Maria. E Maria vinha para apagar todas as dores que se impregnaram no meu ser por todos os anos. Maria veio como meu botão de reset. Desde que ela chegou, viver passou a valer mais a pena.
Acordar de madrugada para acalentar o choro de Maria poderia ser fardo, mas não é. Porque se desperto às 3h da manhã, é só para ver o rosto dela. E quando as lágrimas cessam, velar o sono da minha vida é o presente mais doce que eu poderia querer. 
Amo tudo em Maria: o cheiro, o choro e ainda mais o sorriso. Amo quando a tenho enroscada em meus pescoço, como se eu fosse o mundo dela, parecendo não saber que ela também é todo o meu. Eu sou plena e infinitamente mais feliz desde que ela chegou.
A única coisa que não sei é como posso eu ter dado à luz Maria. Se foi Maria que deu luz pra mim.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Sua



Porque bateu de novo essa vontade
De chegar mais perto de você
De te ver chegar sem muito alarde
E com o olhar meu corpo aquecer

Mas aí me lembro como é tarde
E isso aqui bem no meu peito
Não pode, não deve ser amor
Se não faz sentido, nem é direito
Você, de existir, me despertar calor

Eu só sei que a boca cala
E o corpo pede
E a memória lembra o que nem foi

Você é meu inferno plural
Pronome singularmente astral
Que é único, mas muito para ser um só

Te amo pedindo pra te odiar
Te odeio jurando não te esquecer
Me afasto querendo me aproximar
Te toco implorando pra enlouquecer

Sou barco à deriva
Vou onde a maré levar
Com uma vontade ensandecida
De sonhar com você
Pra não acordar

Vou me perdendo na chama
Que me consome
Sendo terreno fértil, abandonado
Mas escriturado
No seu nome