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domingo, 10 de maio de 2015

Para quando Maria vier


Nasci. Catarsiei-me no parto. Vi toda a minha vida respirando sem meus pulmões, batendo com um coração que não era o meu. Minha vida, de repente, estava nos meus braços, pesando pouco mais que dois quilos e meio. E chorava de susto por existir. E eu chorava de alegria por existir numa nova instância, proveniente dela, minha vida. Maria.
Ela chegou como brisa de boas notícias, soprando numa atmosfera mergulhada nos tons laranjas do fim da tarde. Minha razão, minha força vital, tudo que me impulsionava positivamente agora estava nela, não mais em mim.
Nasci quando fui mãe. Perdoei todos os nãos e coisas tristes que me foram dados pela vida no meio do caminho. Porque minha vida, dali em diante, era Maria. E Maria vinha para apagar todas as dores que se impregnaram no meu ser por todos os anos. Maria veio como meu botão de reset. Desde que ela chegou, viver passou a valer mais a pena.
Acordar de madrugada para acalentar o choro de Maria poderia ser fardo, mas não é. Porque se desperto às 3h da manhã, é só para ver o rosto dela. E quando as lágrimas cessam, velar o sono da minha vida é o presente mais doce que eu poderia querer. 
Amo tudo em Maria: o cheiro, o choro e ainda mais o sorriso. Amo quando a tenho enroscada em meus pescoço, como se eu fosse o mundo dela, parecendo não saber que ela também é todo o meu. Eu sou plena e infinitamente mais feliz desde que ela chegou.
A única coisa que não sei é como posso eu ter dado à luz Maria. Se foi Maria que deu luz pra mim.