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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ah, as rosas!

A vida de cada um é como uma rosa, descobri. É que nem mesmo a delicadeza das pétalas aveludadas impede a existência dos ásperos espinhos. E viver, se fôssemos traduzir em metáfora, pode-se dizer que seja bem assim: ter um toque suave e um perfume compensador para desfrutar; mas para chegar a isso, é preciso que os dedos acariciem o caule espinhoso.
Depois dessa descoberta, gosto de rosas ainda mais. Não só pela beleza ou pelos significados que elas têm e toda gente já conhece, mas pela representação tímida que elas são da realidade.
Se ao final de cada caminho tortuoso eu encontrasse uma rosa, queria andar por várias estradas difíceis. Digo isso porque dentre as muitas coisas de que gosto em minha existência, gosto de rosas. E gosto delas até em seus espinhos. E gosto de rosas até quando elas não vêm.

"Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"

(Machado de Assis)



domingo, 27 de novembro de 2011

Imprevisto

É curioso o que a vida fez comigo. Ou seria o que eu permiti que ele me fizesse? Hoje eu tenho muitas vezes um discurso de velha rabugenta, escondido atrás de uma conversa de "estou melhor sozinha", que nem sempre é convincente. E não consegue convencer porque não consegue ser verdade. Fui tão pisada que virei uma ferida aberta, ambulante, vagando numa estrada sem fim.
Vivo oscilando entre "Deus me livre" e "quem me dera" um amor. Não sei mais onde pode estar a verdadeira felicidade: se no riso forçado e sozinho, ou na lágrima sofrida de um coração preenchido. Fico boiando em minha superficialidade, buscando respostas que o mundo se recusa a me dar.
Adquiri fobia de mergulho. E não é de mergulho no mar. É de mergulho metafórico, mergulho na vida... Mergulho numa nova história que possa vir para mim. Quero adiantar os passos antes de andá-los, quero garantias de felicidade. Esqueci que se arriscar é dom da vida, e que só se vê o futuro quando ele sofre a metamorfose e vira presente.
Eu que nunca tive afinidade com os números, dei de querer calcular os riscos de apostar em alguém. Se jogo vicia, e o amor é um jogo, por que tenho medo de encarar outra partida depois de ter perdido algumas fichas? Vivo de bipolaridade: medo e vontade. Se existe alguém que eu era, e outro alguém em quem me tornei, quem realmente eu sou? Não posso deixar o receio responder por mim.
Estou maquiando com um sorriso triste a dor de ser sozinha. Preciso que alguém cause confusão e baderna nessa organização superficial que montei para mim. Falo tanto em amor próprio, que esqueço que o desejo de me apaixonar por alguém é uma forma de me cuidar também. Tenho que tirar do papel a ideia de que se arriscar é necessário e é tão vital quanto oxigênio. Eu preciso fazer e ir. E eu vou. Em busca de algo ou alguém que não se possa prever.