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domingo, 29 de maio de 2011

Em nome de todas as coisas lamentáveis pelas quais você me fez passar, hoje eu poderia te desejar coisas mais lamentáveis ainda. E teria todo o direito de fazer isso, acredite. Mas não é pagando na mesma moeda e cobrando juros que vou ter minha superioridade provada, nem vou mostrar que você simplesmente passou.
Eu te expulsei da minha vida e tranquei a porta pra você nunca mais entrar. Mas você deixou marcas, sinais, vestígios de que esteve aqui. São lembranças, ainda que agora estejam vazias de sentimento, ainda que não me causem mais muita coisa. É só por elas que, especialmente no dia de hoje, te desejo saúde, paz, e principalmente amor. Pra que você aprenda de verdade o que ele é, cresça, vire gente e não faça com mais ninguém o que fez comigo. Vá ser feliz... E bem longe de mim, por obséquio.
"Essa é a última oração pra salvar seu coração...".

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bateria?

"Como é que nada podia ser meu para sempre, e sempre igual? Era possível que meu amor não o pudesse preservar e proteger? Eu não sabia ainda o que na madureza aprenderia: que todas as coisas quando acabam são substituídas por outras; que a vida não se reduz mas cresce, e é em tudo um milagre."

(Lya Luft)

O livro ainda repousava sobre seu colo, alguns minutos depois de ela ter lido esse trecho. Ali, naquele momento, estava vivendo mais um processo. Era forçoso reconhecer que estava passando por aquilo de novo. Mas finalmente ela reconhecera que o que havia restado era apego, apego, apego demais. E amor de menos.
Ninguém gosta de reconhecer o fim, principalmente de algo que um dia foi tão forte e envolveu tantas juras de eternidade. Ela vinha adiando há muito o seu processo de reconhecimento da verdade indesejada, mas ele era iminente. E ali, nas palavras escritas naquele livro que lia, a verdade dava seu último grito, e ela não teve outra escolha que não viver o seu processo. Ou pelo menos, a primeira parte dele.
Ela sabia que havia amado, sozinha, do seu jeito unilateral, muito mais do que casais ditos apaixonados amam numa vida inteira. E já não se orgulhava disso... Aprendeu que tudo na vida tem limite, que tudo demais é demasia, e o amor não foge dessa regra. Amor demais mata a gente de dentro pra fora, e ela tinha morrido um pouco por ele.
Se sentia traída e traidora, por não conseguir segurar aquele amor com as mãos. Por ter sido fraca, e tê-lo deixado escorrer entre seus dedos. Mas ela lutou por anos, fez muito mais do que deveria, e foi muito mais longe do que muita gente teria ido. Se sentia culpada por quebrar suas promessas de amar para sempre, independente das circunstâncias. Mas quebrar essas tais promessas, agora já não era mais questão de escolha. A vida se encarregou de jogá-las no chão, de fazê-las em milhares de pedacinhos que jamais poderiam ser colados. Era uma libertação que vinha para o seu bem, do fundo de sua alma, e que ela não podia mais conter.
Tinha certeza de que lembraria do seu ex-amado para sempre, mas já não conseguia enxergá-lo da mesma forma terna, mesmo que tentasse. Ele com sua nova e detestável personalidade tinha destruído toda ternura que ela sentia. Aquele menino tímido por quem ela havia se apaixonado estava cada vez mais longe, num lugar onde sua visão emocional quase não alcançava. A imagem dele estava a cada dia mais fora de foco. Ela puxava no arquivo de sua memória a imagem daquele garoto, que às vezes era até nítida, se ela se esforçasse muito. Mas mesmo que ela o visse, não o sentia mais. Lembrava com muito custo do sorriso, do abraço, da voz... E nada. Ela não podia negar que não sentia mais nada. Tudo o que tinha agora era uma lembrança oca.
O primeiro passo foi dado: ela reconheceu que acabou. Mas todas as coisas quando acabam são substituídas por outras... E aquela coisa que tinha encontrado seu fim, já tinha dado lugar a outra. O próximo passo seria dado quando ela reconhecesse isso. Um coração precisa de alguém por quem bater. O dela já não mais batia por aquele menino, mas alguém havia ocupado o lugar dele. Porque o coração continuava pulsando... Pulsando não, batendo. E forte. Se não houvesse um substituto, será que ele bateria? Não. Eis a lei que tudo justifica: um coração, que ardendo, bateria...

sábado, 7 de maio de 2011

Exceção


E não precisa ser uma mentira, porque de fato não é. Eu tenho alguém em meu pensamento. Não posso dizer que estou apaixonada, mas tenho alguém que ultimamente tem habitado minha mente e meus sonhos. Tenho corrido da paixão de todas as formas que posso, mas esse tal alguém tem-se feito próximo. Ele não está em meu coração, pelo menos não ainda, mas não me sai da cabeça. Não preciso mentir para despistar ninguém, porque estou convencida de que eu tenho mesmo alguém.
Quando a gente se fere, não quer saber muito de amar de novo e o medo que nos cerca é tão grande que a gente se fecha. Pode até não se fechar a si próprio, mas pelo menos o peito a gente fecha. E não tem quem entre! Até que a gente resolva abrir a porta, um dia, quem sabe... Mas para abrir, tem que ter plena certeza de que vale a pena! E isso não é tão fácil.
Sei que meu peito está fechado: coração lacrado, vigiado por todos os lados. Ninguém sai e ninguém entra, fica tudo da confortável maneira que está, para que nenhum dano seja causado... De novo. Saí de um trauma grande, demorei para ficar bem e preciso ficar assim por algum tempo. Bem e sozinha. Só eu e eu mesma, me apaixonando por mim e aprendendo a me amar. Já que foi pela falta de amor próprio que cheguei ao fundo do poço.
E que isso sirva de alerta aos desavisados: não bata à porta do meu coração, porque qualquer um, no momento, é persona non grata. Menos ele, claro. Se ele bater à porta de meu coração com o mesmo sorriso terno e sedutor que o fez morar em meu pensamento, sei que para ele vou ceder e abrir os cadeados. Não quero me apaixonar por ninguém, mas se aqui, na dádiva que é o instante presente, eu tiver de abrir as portas do meu peito e baixar a guarda, será para ele e somente para ele. Qualquer outro que vier encontrará guardas à postos e terá a entrada proibida. Mas se ele quiser entrar, ainda que só para uma visita, eu sou capaz de permitir que ele entre. Mas tem que ser ele... Somente ele. Minha exceção.