Marcadores

sábado, 3 de março de 2012

"Boto ele no colo, pra ele me ninar"

É desejo, sim. Mas tem também um instinto materno danado que me bate no peito. Quero amá-lo, tê-lo e ao mesmo tempo ser dele. E quero-o em meu colo. Enquanto o embalo, eu encerro todos os meus dilemas: alentá-lo é carícia para minha alma. Acho que isso seja mesmo amor, porque cuidar dele significa cuidar também de mim.
Eu, que carreguei tantas das dores do mundo, sei de cor o que o sofrimento faz de bom e de ruim. E quero estar ao lado dele para segurar-lhe a mão. Para lhe ser o porto seguro que diz, cheio de firmeza: "isto também passará". Já percorri caminho parecido e sei onde se deve pisar e onde as pedras são duras demais para os pés. Mas não vou soprar-lhe o destino, deixarei que ele descubra e faça o seu próprio caminho só. Me limitarei a, em silêncio, segurá-lo pela mão. Por mais que eu queira sofrer em seu lugar, sei que tudo o fará crescer, no fim das contas.
Passei tanto tempo procurando alguém que me pusesse no colo, e hoje sei que precisava mesmo era de alguém a quem cuidar. Acho que nasci para ser um pouco mãe em todas as relações que me levam a criar laços: mãe-amiga, mãe-irmã, mãe-filha, mãe-tia... E por que não dizer mãe-amor? Velando o sono dele, descobri que os suspiros que ele dá, sobre o travesseiro molhado de lágrimas, fazem brotar em mim a maior ternura do mundo. É o pedaço que mim que me faltava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário