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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Intensa, imensa, sozinha


Sempre procurei frases prontas de autores célebres que me deifinissem. Ficava paralisada só de pensar numa auto-definição. Mas chega um determinado momento na vida em que ninguém é capaz de dizer quem você é. Só você mesmo. E esse tal momento chegou para mim.
Ainda me olho com estranheza, ainda me acho gritantemente diferente dos que me rodeiam. Ser diferente é normal, sei disso. Mas é que eu me vejo diferente demais, e isso me assusta.
Acho que assim como Caio Fernando Abreu, eu talvez viva uma vida toda para dentro. Limito meu dia-a-dia em escrever, cantar, ler, ouvir música. O tempo inteiro. E de alguma forma, isso me satisfaz. Minha vida pode ser considerada vazia por muitos, mas eu preciso de muito pouco para ser feliz e não consigo ver essse fato como um mal. Os que têm o dom de satisfazerem-se com menos, geralmente ganham mais.
Mas há também o outro lado da moeda: sou uma menina de riso fácil e de choro mais fácil ainda. Se pequenas coisas me fazem feliz, é por coisas também miúdas que muitas vezes choro. E aí quem sabe isso não aconteça porque dimensão é diferente de intensidade?
Acho que sou intensa e torno tudo ao meu redor igualmente intenso, não importa o tamanho que as coisas tenham. Talvez essa intensidade é que me condene à profunda solidão em que vivo. Nunca vivi um grande amor porque sempre estive ocupada demais amando quem não me amava. E ainda que não correspondida, quando amo vou até o fim, sem enxergar mais nada além do objeto do meu amor. Quantos possíveis amores podem ter passado por mim e eu não os vi, e sem ao menos ver lhes disse não?
Mas pode ser que algo grande ainda venha, quem sabe. E enquanto não vem permanecerei cantando, escrevendo, ouvindo música dentro do meu mundo fantástico, até que alguém me bata à porta, querendo desfrutar de toda essa minha fantasia. E por enquanto me limito a definir-me assim: intensa, imensa... E só.

3 comentários:

  1. tem CERTEZA que não somos irmãs gêmeas? Meu Deeeeeus :O

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  2. Começo a desconfiar que fomos separadas na maternidade, Dé. Hahahaha. ;)

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  3. O poema é de todo um desabafo lindo e tem harmonia em cada frase e sentir. Identifiquei-me com isto aqui...
    " Minha vida pode ser considerada vazia por muitos, mas eu preciso de muito pouco para ser feliz e não consigo ver essse fato como um mal. "

    Lindo, Nath.
    Sua alma é linda, admiração eterna por vc!

    Parabéns pelo BLOG, lindissimo...Você!

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