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domingo, 25 de março de 2012

Sinal vermelho

Quando o coração bateu num forte descompasso, eu ainda duvidava. Quando borboletas me sobrevoaram o estômago, quando o tremor me invadiu as mãos, não pensava num sentimento com solidez. Na verdade, eu não pensava em nada. Quer dizer, em você eu pensava, mas era um pensar vazio. Era só você. Você sozinho, dentro da minha cabeça. Mais nada.
Foi numa tarde fatidicamente estressante que meu coração parou por um segundo, e depois bateu como se meu peito fosse uma porta que se pudesse arrombar, como se pretendesse me quebrar os ossos torácicos, e me rasgar a pele, e ir morar fora de mim. Ainda assim eu duvidei. "Passa", repetia internamente. Quando o coração acalmou, deixou de rastro um sorriso bobo no canto dos meus lábios. Mas era alegria de vida, não de você. Era o que eu pensava.
E aí, de repente, no meio dos meu afazeres tão intensos dos últimos dias, enrubesci. E foi quando enrubesci que soube. Quando a vermelhidão me tomou a face, denunciando que nem o sangue que me corre nas veias pode mais fingir ser imune à sua presença, eu tive certeza. Só uma vez na vida fiquei vermelha antes... Por causa daquele que tanto me teve, sem me merecer. Agora, aqui, aquilo que me levaram voltou pra mim. Voltou pra mim em você. Eu não sou mais dormente ao mistério. Eu ainda posso sentir. Mas será que sei? Talvez você me mereça muito, menino, e eu tenha medo de me dar. Ou talvez agora seja eu que não lhe mereça.
Acho que vou soltar as rédeas. Bem devagar. Porque eu não sou um semáforo, e em mim, vermelho pode muito bem ser sinal de "siga".

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