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sábado, 1 de janeiro de 2011

Ele não é anjo


Eu tinha que, voluntariamente, reviver minha própria dor, para não sucumbir. Ele estava ali, diante de mim. À mesma distância da época em que morreria por ele. Mas como me afastei ainda mais nos últimos tempos, essa distância se fez proximidade. Depois de ir o mais longe que pude, o longe de antigamente tornou-se perto.
E estar perto, me balança. É inevitável, involuntário. Vê-lo ali, com o sorriso ainda mais encantador é como um convite delicado e gentil para voltar a esperar, devotadamente, que ele resolva acolher-me em seus braços. Como bom predador, tudo nele convida a me aproximar.
Vendo-o tão angelical, chego a quase ceder. Esqueço que ele não é o anjo que parece ser, por um segundo, me entrego de novo. Mas para não ser tola e subserviente, para poder me amar, causo minha própria dor: revejo em pensamento as cenas em que ele me pisou, revivo assim, todo o sofrimento. Me contorço, mas me lembro. Ele não é anjo, ele não é bom. Ele não me merece.

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