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domingo, 9 de dezembro de 2012

Começou. É o fim.


Agora eu sei que não sei disfarçar. Eu sei que meu rosto me trai, demonstrando uma parte do que acontece dentro de mim quando ele divide comigo o mesmo cenário. Eu soube e, acredite, até achei alguma graça nisso. Afinal de contas, tenho certeza absoluta de que se trata apenas de um magnetismo físico que logo, logo vai passar, não é mesmo?
Não, não é mesmo. Estou ferrada e me matando por dentro poque eu já não sei mais o que isso é. As coisas estão fugindo do meu controle e com ele por perto, meu corpo ganha uma leveza tamanha que se eu desse um impulso com os pés, talvez fosse capaz de chegar ao céu. Meu peito se alarga. O ar entra em maior volume nos meus pulmões. Minha existência se alarga. Meus caminhos se alargam. Minha vida se alarga. Meu sorriso se alarga, enfim. Se alarga e me denuncia. E faz isso com a cumplicidade dos meu olhos,  que me entregam. Ou melhor, que entregam o meu desejo de me entregar a ele numa bandeja.
Ao cair daquela tarde eu era só uma menina cansada, repousando a cabeça sobre o braço da poltrona. Foi só ele chegar que o calor se instaurou, me confundiu, tomou conta de mim de tal forma que ao final da noite eu era uma vadia sussurrando o nome dele para as pedras da calçada e para as luzes de natal, querendo-o com uma urgência inflamada, que arde ainda mais por saber-se impossibilitada de ser atendida. Eis a confusão que ele me causa. E ele sabe disso.
Tanto sabe, que anda em minha direção, me olha nos olhos como que querendo mesmo me enlouquecer. Tem conseguido. Minha sanidade se está esvaindo. Se eu ainda tivesse a segurança de se tratar apenas de um querer, estaria tudo bem. Por maior que o desejo fosse, quereres não se sustentam sozinhos e uma hora têm de partir. Mas as coisas estão ficando bonitas e essa beleza me assusta.
Não é mais um desejo sujo, despido de pudores. É um desejo que, apesar de latente, está vestido... De alguma ternura vinda não sei de onde. Ele, que antes se hospedava nos meus sonhos de formas unicamente quentes, parece ter se mudado de vez pra eles também de uma forma terna. Não são mais só os corpos se encontrando e sendo um, são as vidas que cansadas de andarem como linhas paralelas, burlam as regras da geometria e se cruzam, se entrelaçam e seguem como sendo uma coisa só. Em sonho, eu tenho visto um futuro promissor se firmando a partir dessa bagunça de presente. 
Tenho medo e não consigo parar de escrever porque a escrita foi a forma que encontrei de colocar essa confusão pra fora. Tenho medo de falar a respeito. Tenho medo de oralizar os meus fantasmas que podem ou não ser camaradas. Tenho medo de pronunciar o nome dele ao vento, sozinha, e ser atendida pelo universo. Não tenho costume de sonhar coisas que se tornem reais. E apesar de todas as racionalidades, eu o tenho sentido tão intuitivamente meu... Um sentimento acima de qualquer palavra. As rédeas estão escorregando entre meus dedos. Não tenho mais controle sobre mim. É esse o meu final? Ou começo.

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