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domingo, 14 de julho de 2013

Siccità


Talvez aquele dia sob o chuveiro tenha sido o último. A última dança. O último beijo. A última escalada. O último compasso. A última oralidade de coisas que não devem ser ditas. A última gota. O último sonho.
Não sei se minhas unhas voltarão a desenhar nas tuas costas aqueles caminhos tortuosos, daquelas dez estradas paralelas que não sabiam pra onde iam. Só sabiam que eram. E eram por causa da explosão, da combustão. Eram por causa do você dentro de mim, que só existia quando eu fechava os olhos. 
O magnetismo perdeu um pouco da força desde que se viu sozinho: a razão deu um tapa na cara da ternura, enfim. Desiludida, a idealização do (im)provável romance curvou a cabeça e se foi. Sentido, cadê? Acho que foi, também. Me resta só esperar o retorno do oitavo, para observar se ainda serão acesas fogueiras às seis da tarde.
A chuva que eu dizia, duvidando, que ia passar, passou. Lá de volta, outra vez, à estiagem? Não cabe mais essa coisa latente no meu céu azul particular. As peças deixaram de se encaixar na minha realidade inventada. A atração ainda existe, mas sozinha. E então começo a pensar que ímãs também têm prazo de validade.

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