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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pressa de amar. Prece de amor.


Os dias começavam a variar a velocidade com a qual passavam. Novembro, tão doce, parecia ter ido embora como que em uma semana. Dezembro já chegava mais austero, como que cobrando racionalidade, apontando o fim de um ano difícil. Pela dificuldade toda da vida, o fim do ano era consolo. Mas, por outro lado, era uma espécie de cobrança de realidade. Era algo que parecia querer estipular um prazo de validade para aquela coisa - nova, mas velha conhecida - que teimava em ocupar espaços no peito dela durante as últimas semanas. Só que tudo não passava de abstração. O tempo que aquilo levaria era indefinido. Ela poderia estar curada em um dia, uma semana, um mês, um ano... Ou nunca. Não era possível prever.
E enquanto continuava imersa neste tempo indefinido, seguia sonhando com ele. Todas as noites. Desde a primeira vez que o vira. Os sonhos eram diferentes, mas no geral tinham o mesmo enredo. Era sempre ela indo atrás dele: batendo à sua porta, telefonando, mandando mensagens. Podia ser um sinal do universo para que ela o procurasse. Ou só o reflexo da sua vontade reprimida. Ela queria, mais que qualquer coisa naqueles dias, procurar por ele. Mas não sabia como, e muito menos se era a coisa mais correta e sã a se fazer.
Sanidade. A dela parecia ter se esvaído. Ou estava momentaneamente escondida num lugar que ela não sabia onde ficava. Mas estava tentando não pensar naquilo, naquele momento. Estava estranhando seus próprios desejos e atitudes, porém, achava que a sensação merecia ser desfrutada. Afinal, poderia ir embora da mesma forma repentina como havia chegado.
Era uma agonia inebriante e tudo que ela conseguia fazer era sentir a necessidade de mais. Sentia falta dele como se sente a falta de gente muito especial na vida, só que mal o conhecia. Tinha saudade dos poucos dias em que pôde acordar com ele por perto. Tinha uma vontade desesperada de voltar no tempo. Mas como é sabido de todas as gentes, isso não é permitido a ninguém. Ela teria de construir novas lembranças. Não poderia voltar, só seguir e esperar com todo coração que o encontrasse de novo em alguma esquina, algum lugar. Não tinha mais a quem recorrer, senão a Deus, anjos, santos, rosas... Pedia perdão antes de cada prece, pensando estar gastando sua fé com coisa tão pequena, mas ainda assim, rezava. Suplicava. Fazia novenas. Ficava se perguntando se não seria pecado pedir a Deus o coração daquele moço, com um mundo todo sofrendo tanto por causas mais sérias, mais reais. Mas mesmo assim, não deixava de pedir. Era só o que podia fazer. E era tudo o que faria. E continuaria fazendo. Até que o céu a ouvisse. Até que suas orações a levassem para junto dele outra vez.

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