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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Gaveta


- E quem disse que amor acaba? Amor acaba? Estou certo de que não. Amor não acaba assim, por coisas pequenas. E nem mesmo por grandes! Amor que é amor mesmo, e que ama, não termina nunca. No máximo, se engaveta.
Tenho certeza que ela não esqueceu de mim. Como poderia ela, tão frágil, tola e devotada, ter-se esquecido dos meus olhos? Logo dos meus... Eu que estive rondando sua existência por tanto tempo. Ela deve saber o quanto ainda me ama. Esquecer de mim, garanto que não esqueceu. Ela só se fez de forte, me escondeu lá dentro dela, como uma lembrança no fundo de um baú empoeirado. Mas eu ainda estou lá. Quem olha de fora, não pode me ver, mas ela pode e eu também. E daqui de dentro, guardado como estou, posso fazer nela alguns estragos.
- E quem disse que amor acaba? Amor acaba? Estou certa de que não. Amor não acaba assim, por coisas pequenas. E nem mesmo por grandes! Amor que é amor mesmo, e que ama, não termina nunca. No máximo, se engaveta.
Tenho certeza de que ainda não o esqueci. A grande novidade do enredo é que o engavetei. Não sinto saudade, pelo menos não tanta. A ausência dele não me causa dor. Só que me engano quando penso que isso o mantém afastado de meus pensamentos. Involuntariamente, eu penso nele o tempo todo. Isso pode ser considerado saudade? Não sei dizer. Não o queria assim, como ele é hoje. O queria como ele costumava ser quando em cada simples olhar se escorregava uma promessa tímida e duvidosa de pertencermo-nos mutuamente.
Esquecê-lo, garanto que não esqueci. Me fiz de forte e procurei mantê-lo escondido, como uma lembrança no fundo de um baú empoeirado. Mas ele ainda está aqui. Quem olha de fora, não o pode ver, mas eu posso. E ele também. E daqui de dentro, guardado como está, ele vem tentando me fazer alguns estragos.
Noite passada me veio atormentar o sono: brigamos no meu sonho. Meu primeiro impulso foi pensar no quanto ele é atrevido. Mas depois de rever em minha mente nossa sonífera discussão, percebi. Ele está dentro de mim em nome do que era. Em memória do bem que um dia me fez. Mas é pelo mal que me andou fazendo que permanecerá guardado, trancado às sete chaves. Não permitirei que venha à tona novamente. Não, amor não termina, já disse. Sempre vou amar quem ele era, mas não quem agora ele é. Amor que é amor não acaba por motivos pequenos, nem por grandes! No máximo se engaveta. Eu engavetei. Muito bem engavetado, se você quer mesmo saber.

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