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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Invasão

Amanheceu e eu não preguei o olho. Enquanto o sol se espreguiçava timidamente sobre o mar, eu fazia um esforço de míope para enxergar as gotas de orvalho beijando as folhas das árvores. Minha garganta estava seca... Como o meu coração. Era um domingo que começava cheio de perguntas sobre um sábado que poderia ter sido. E que não foi.
Seria possível que, a essa altura do campeonato, ainda fosse amor? Seria o ódio uma máscara escondendo a verdadeira face de um sentimento que nunca mudara? Não gostava de pensar na hipótese de que eu nunca o tivera esquecido, de fato. Alguma peça não se encaixava e em algum pedaço da história havia uma mentira. Mas em qual?
Não importava a que conclusão eu chegasse, a verdade é que a presença dele me incomodava mais do que sua ausência, acho. No entanto, eu tinha um argumento plausível para querer vê-lo: pisá-lo. Mas também não o queria por perto, crescente era a raiva que brotava em mim.
Eu poderia tê-lo visto naquele sábado, quando ele se inclinou até o meu habitat. Eu poderia tê-lo humilhado, assumindo um ar de superioridade, jogando-lhe na cara meu presente glorioso, em contraste com o fiasco de passado que ele me é. Mas recuei assustada... O destino não quis que eu presenciasse a cena dele tentando inserir-se naquele lugar que agora é minha segunda casa. Me incomoda a possibilidade de ele fazer parte do meu dia-a-dia outra vez. Se ele estiver presente em minha rotina de novo, de todo jeito terá sido em vão a minha vida nova, e algo em mim haverá de sucumbir. E então agora faz-se hora de desejar a ele o melhor, do fundo do coração. Não sendo altruísta como antes, mas num gesto de amor próprio. Porque se o melhor lhe for garantido, ele permanecerá distante e o meu novo mundo intocado.

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