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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desvario


Não acredito na hipótese de que ela tenha se feito amargura, depois de tanto perder água, sangue, e muito mais. Estava apenas imersa numa nova fase, numa transição.
Ora, se antes ela o amava perdidamente, e morreria por ele (e havia morrido um pouco, é bem verdade); agora buscava alguém que pudesse ser o novo "ele" em sua vida. Não era uma procura fácil, cada dia ela testava um: aos domingos se deixava apaixonar por um rapaz, às segundas e quartas seu novo amor já era outro.
E assim, todos eram seus amados. Um em cada dia, cada um em sua vez: o da tela do cinema, o dos autódromos, o dos palcos, o dos noticiários. Esses eram os mais surreais. Mas mesmo assim, ela os imaginava, na esperança de tirar seu foco do amor passado (passado?). Depois, no dia-a-dia, vinha seu aluno, seu professor, e até mesmo o super-homem.
E nesse desvario de procurar alguém para amar, amava todos. E continuava amando Ninguém.

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