
E não pense que é tarefa fácil ficar em carne viva, e depois seguir. Por muitos anos ela cultivou a sua dor e agora que já não doía, um vazio tinha ficado. E é bom que se saiba que todo vazio tem a mania de querer ser preenchido a todo custo. O dela já estava rouco de tanto gritar por preenchimento. E ela já estava cansada de ser tão diferente de todo mundo que lhe cercava. Uma flor numa redoma.
Mas em meio a todo esse turbilhão, ainda existia o medo. O medo de ter perdido um jeito que nunca havia adquirido. O medo de que esperassem demais dela e ela não conseguisse. O medo de se machucar e se doer de novo. Como uma criança que tem pesadelo e depois teme pegar no sono outra vez. Mas ela estava exausta e precisava dormir. E finalmente sonhar de novo, quem sabe...
Nenhum comentário:
Postar um comentário