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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Diálogo

Ao invés de ficar aí sentada nesse ônibus que não vai para lugar nenhum, olhando para o tempo e reconstruindo a imagem desse garoto, você deveria conversar comigo. Tem algumas coisas a respeito dos seus sentimentos que eu quero saber. Como por exemplo: o que você teme?
Não me adianta vir com esse papo de que foi muito ferida e agora age com cautela. Conheço sua história de sofrimentos e seu drama mexicano já perdeu a graça. Sua postura de vítima já não convence e penso que a vida está lhe cobrando atitude. Do que você tem medo, afinal? De um "não"? Um "não", a essa altura do campeonato seria só mais um. Tenho pensado que é um possível "sim" que lhe amedronta.
Sejamos coerentes e sensatos: com "nãos" você já está acostumada. Mas um "sim", você sabe, mudaria a sua vida por completo. E não é de hoje que você diz que tem medo de coisas novas. Você acomodou esse seu coração aí no peito, assumiu a postura de mal amada e se acostumou em ser assim. No fundo, o que você tem mesmo é medo que alguém lhe queira. Mas já passou da hora de deixar esse temor para trás.
Já pensou que ele pode ser aquele por quem você tem esperado? Sim, pode não ser também. Mas que eu saiba, você já não tem o que perder. Ele pode ser a sua manhã de primavera. Por que não experimenta sair do seu inverno (ou inferno) e ir até ele? Não, a felicidade não dói. Tente, se jogue, abrace. A vida está passando e você já está atrasada, parada nessa estação. Que tal correr para o próximo trem?



• Nota da autora: para entender melhor o conceito da metáfora "manhã de primavera", ler o texto Apenas um conto sobre a manhã

Um comentário:

  1. Seus textos são lindos demais nah!
    você é uma grande jornalista!
    Beijos de quem te admira mesmo sem te conhecer pessoalmente!
    Fernanda Gallinari

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