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domingo, 9 de outubro de 2011

Só, fria

Perdição. Era assim que ela o definia em pensamento. Ele era um desvio no caminho que ela meticulosamente havia traçado para si. Ele cheirava a veneno e tinha jeito de pecado. Ele era o crime que ela queria cometer.
Não bastasse ser bonito, era também sedutor. Exercia o mesmo ofício de seu grande amor de adolescência, que já havia ficado para trás. E seu ex-amor virou passado por não ter maturidade. Mas aquele rapaz, de agora, tinha ares de experiência que lhe potencializavam a sedução. Talvez ele fosse o seu amor antigo com mais 17 anos no RG e 25 na cabeça.
Mas não era amor. Fazia as mãos gelarem, o coração pulsar com força, o sangue esquentar e corar seu rosto. E também não era paixão. Não era sentimento, era carne; não era emocional, era físico.
No entanto, é válido lembrar que ela foi ferida e agora tem medo de se apaixonar pela própria sombra. Ela poderia perfeitamente o estar amando, mas deve ter bloqueado o sentimentalismo todo da coisa: escolheu somente o êxtase. Amor é doce, e doce demais dá sede. E é aí que a gente chora para beber das próprias lágrimas. Além disso, açúcar em excesso termina por amargar na boca. Ela, que já tinha provado da sede e do amargor, escolhia só o cítrico, o veneno... E gostava. E não sofria. Só e fria.

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