
Andei querendo me deixar levar. Mergulhei de cabeça no mar, porque descobri que não tem correnteza que me leve se eu ficar parada na areia. E me lembrei que não sei nadar. Mas quando a gente quer, dá um jeito: se debate, arruma uma boia, se mantém. Eu até refleti antes de entrar na água, afinal ir para o mar sem saber nadar é uma temeridade. Aí uma voz aguda sussurrou no meu ouvido que "viver é sempre uma temeridade". Para o meu bem ou o meu mal, ouvi a voz. E me larguei nos braços das ondas.
Engoli muita água, voltei para a areia em agonia e mudei de metáfora. Ao invés de mar, terra firme e pé no chão. Várias estradas à minha frente, e eu sem mapa que me guiasse. Mas "viver já é uma temeridade". Fui. Errei o caminho, peguei um atalho torto: ele não dava onde eu queria ir. Mas o mundo nem acabou, acredita? Isso me surpreendeu, porque eu achava que essas coisas doessem.
Me enganei porque atrás dos belos arbustos de onde eu pensava que vinha o canto dos pássaros, não tinha nada. Nada do que eu procurava, pelo menos. Veio a noite e ficou escuro, mas surpreendentemente, nem medo eu tive. Se na hora estava escuro e não dava para seguir viagem, eu ainda podia sentar e olhar as estrelas.
O mundo não acabou, lembra? Cedo ou tarde tem que amanhecer de novo e o sol há de vir. E quando tudo estiver claro novamente, vou poder mudar de estrada. E me perder quantas vezes for preciso, até chegar onde eu quero. Não tenho mais pressa, nem desespero, nem medo. Porque ouvi dizer por aí que Deus não demora, não. Ele capricha!
Simplesmente adorei.
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