Marcadores

sábado, 26 de maio de 2012

Carta II

Helena,
Estou em crise. Estou com medo. Estou com a sensação que já vi esse filme antes. Estou em pânico. É como se eu estivesse voltando a fita e vendo uma situação semelhante àquela que vivi, mas em circunstâncias diferentes.
Tenho pensando, sentido, sonhado. E o tenho incluído na conjugação de todos esses verbos. Não posso acreditar que eu esteja fazendo comigo a mesma coisa, do mesmo jeito. Quero me agarrar a tudo que me diga que não, eu não estou apaixonada. Preciso me concentrar e repetir para mim mesma que não dá, e que eu não quero. Como um mantra. Talvez como uma mentira na qual eu espere acreditar.
Dizem que um tolo pode colher pétala por pétala, sem se dar conta de que é amor. Não digo que seja amor, porque fujo dessa palavra ao máximo. Mas acho que talvez eu tenha, brincando, alimentado um sentimento que é em mim maior do que na realidade eu supunha. É algo sólido que tem me tomado os espaços internos.
Se lembra que eu disse que não sentia nada com ele por perto? Nada como tremor, palpitação e etc? Essa regra só se aplicou até o dia de hoje. Porque hoje, quando não havia nada nem ninguém além de nós dois, eu senti. Borboletas me sobrevoaram o estômago e eu quase possuí um daqueles pedaços de felicidade que eu costumava ter quando sabia amar. Aquelas felicidades baratas, que precisam de muito pouco. Vontade de parar no tempo, vontade de reviver aquilo... Só aquilo na realidade não é nada, não significa nada. O que eu tenho dele para comigo são assuntos que não rendem, cordialidades que de tão formais, parecem ensaiadas. E eu não sei o que isso quer dizer. Mas eu bem queria saber... Só que como?
O frio na barriga, o coração acelerado... Até me lembram minhas paixonites de menina. Mas as vontades que esse moço me desperta são vontadades de mulher. E isso me assusta. Porque eu ainda sou só uma menina. E ele, diferentemente dos que passaram pela minha vida, é um homem.
Hoje meu nome é confusão. E mais do que nunca, estou assustada. Porque a impossibilidade da qual eu costumava rir, essa noite está me deixando triste. E eu nem sei o motivo.
Por favor, minha amiga, me diga que isso é pseudo, me diga que não sucumbi de novo. Me diga que vai passar... O que em mim denuncia que as coisas podem ser maiores do que tenho dito?
Com amor,
Caterina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário