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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Fuga ao tema



Parei pra reler alguns textos antigos. Todos tão cheios de sentimentos, e tantos viraram piada com o tempo. Isso porque as emoções se perderam nas tantas esquinas da vida. Coisas que perdem sentido, ou simplesmente deixam de ser. Mas o que vale mesmo é que todas foram, um dia. Mesmo que já não sejam. E enquanto foram, todas estavam repletas de muito amor.
Descobri que sempre foi o amor a minha pauta. Meu tema central. Minhas arestas também. Talvez tenha sido ele o causador da discórdia entre mim e a minha profissão. É que não sei escrever sobre qualquer coisa que seja não-amor. Se eu falo sobre como me doeu a perda da minha mãe, é amor óbvio, latejado e escancarado. Mas se eu falo do vento que sopra sem saber para onde está indo, é amor nas entrelinhas. Não me pergunte como, mas é assim que é: sempre amor. Uma regra implícita, que implicitamente eu me recuso a burlar. Desde menina acho uma escória se levar zero numa redação por fuga ao tema. Por isso não fujo, ainda que tema.
Acho graça nessa coisa, de só saber escrever sobre amor. Você pode revirar esse blog, revirar minha vida, meus cadernos, meus diários da adolescência... Tá cheio de amor neles. Em cada frase. Em cada letrinha datilografada ou escrita do meu próprio punho, com minha caligrafia disforme. Até quando eu falo de ódio, estou amando primeiro.
É engraçado que eu, tão analfabeta de amor, tão desamada por repetidas vezes, tão colecionadora de inexperiências e "quases", consiga falar dessa coisa como alguém que realmente tem algo a dizer. Como alguém que entendesse disso. Tenho tantos conselhos escondidos nas mangas, os dou tantas vezes, mas nunca os usei comigo. Falta de chance, ou de sorte.
A questão toda é que eu consegui, daqui deste lugar onde sempre me encontro (pode-se dizer que seja o topo da minha solidão), ter amado tão pouco, mas ter amado demais.

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