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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

La mia ricchezza distanza


Passei a sentir uma dor emocional latejante desde que você se foi. Ela é intensa, mas suportável. Se não o fosse, eu já teria morrido ou algo assim, dada a constância com que ela me ataca. Sempre que me distraio, lá está ela, querendo me fazer em pedaços e quase conseguindo. Mas não é nada. Repito para mim que deve ser só TPM. Só que desde que você saiu do meu campo de visão, tenho tido pelo menos uma TPM por dia. Mas eu ainda sou uma mulher normal, que menstrua uma vez no mês. Acho. Só não sei se sou uma mulher inteira, depois que me arrancaram dos seus braços e separaram a gente.
Eu sabia que depois de tanto te ter por perto, quando você fosse finalmente embora, eu ia ficar mal acostumada e na merda. Só não estava preparada pra ficar tão na merda assim. Você sabe o que fez comigo? Não sabe. Nunca vai saber. Mas você me fez te amar. Você me fez venerar a sua idiotice. Assim, de graça. Chegou de mansinho e pronto, se proliferou. De grão em grão, virou um milharal no meu terreno. E eu nem ligo pro quão ridículo esse trocadilho possa parecer. Só algo assim é capaz de expressar o quanto essa coisa aqui dentro de mim é totalmente ridícula e sem sentido.
Às vezes eu sinto um frio na barriga enlouquecedor, como se a qualquer momento você fosse dobrar a esquina, tocar minha campainha, sorrir pra mim daquele jeito, se hospedar na minha rotina outra vez. O coração quer pular pela boca, mas no fundo ele sabe que você não vai vir tão cedo. E quando vier, talvez nem lembre de mim. Talvez nem lembre da gente. Mas meu coração é burro e insiste em me esmurrar por dentro do peito, num gesto de extrema alegria, toda vez que sua imagem cruza meu pensamento de forma despretensiosa. É o jeito que ele tem de demonstrar que está guardado dentro da minha caixa torácica por uma questão biológica, mas que o dono dele mesmo é você. Tenho um cãozinho amestrado no peito, que só obedece ao adestrador. 
É torturante. Mas em meio a toda essa agonia, não deixo de reconhecer a doçura que invade de vez em quando. Você vale mais que um jatinho particular, uma conta bancária recheada no exterior, um perfume importado, um anel de brilhantes. Minha maior riqueza sentimental. Sonho acima de qualquer consumo. Você é minha ilha particular, terra firme capaz de impedir que eu, embarcação, naufrague no meio do oceano. O que me dói é que eu não tenho bússola.


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