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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Sonhei que você me lia


Dia desses sonhei que você me lia aqui. E o mais incrível de tudo é que você me lia e entendia todas as minhas entrelinhas. Me descobria por trás de todas as minhas máscaras. Você lia meus escritos piegas, chatos, revoltados, doces... Sabia quando cada um era pra você e sabia cada um dos motivos, dos momentos. Aí a partir desse sonho, resolvi escrever imaginando que você me lê de fato.
Se você me lê, se reconheça como vocativo deste texto, como no meu sonho. E saiba que o que você faz comigo, há anos ninguém me faz. Eu tento todos os dias ignorar. Deus, como eu tento! Às vezes tenho sucesso por uns tempos, mas nem sempre. E mesmo que tenha, não adianta muito. Você volta. Você e sua imponência voltam e derrubam todos os meus argumentos meticulosamente ensaiados, que comumente tentam convencer a mim mesma de que não é nada demais isto aqui pulando dentro do peito. Coração, sabe? É, eu ainda tenho um. Um que funciona, ao contrário do que eu pensava. E dessa vez, eu não vou tomar betabloqueadores, como quando eu era menina, porque sei exatamente qual o meu diagnóstico. Não tem nada a ver com prolapso valvar mitral.
Eu queria ter capacidade de soltar tudo que está preso em mim, e despejar tudo de uma vez, antes que o súbito de coragem passasse. Eu queria conseguir te olhar nos olhos por um tempo que fosse suficiente pra você entender. Mas eu sempre provoco desvios. Fujo. Corro porque amar dói. E ao mesmo tempo, eu não queria estar aqui te falando de amor, como uma completa idiota, mas é que eu realmente não sei o que mais isso pode ser. Vamos usar esta palavra - amor - por falta de alguma outra mais apropriada. Eu poderia falar de paixão, mas ela é só fogo e tem prazo de validade. Você ainda não se estragou, mesmo depois de tanto tempo guardado na última gaveta da minha geladeira. E você já não é mais só fogo: você é fogo, brisa, perfume. Você já virou pacote completo. E isso dá medo.
Não precisa nem levar tão a sério as coisas que eu escrevo aqui, porque eu nunca revelo por completo o que é real ou fantasia. Mas, olha, eu gosto de você pra caramba. No começo era mesmo só isso de atração fatal e querer por querer. Um querer só, solto no mundo, sem razões ou outras coisas agregativas. O querer existe ainda, mas acompanhado. E acompanhado por um monte de coisa linda e boa que você me causa que, como eu já disse, há anos ninguém causava a mim. Desculpa jogar em você tanta coisa confusa ao mesmo tempo, mas é que realmente... (pausa)

- Neste momento, a Autora é calada com um beijo dele, o Vocativo. Como se falasse e não escrevesse. Como se ele, ouvindo suas palavras, pudesse ler de forma não caligrafada: ouvindo, ele lia a alma dela. Beijando, virava co-autor da vida que não é dele. Mas que depois do beijo, passaria a ser. E viriam outros beijos, depois. E outras tantas coisas mais.



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