Eu não soube que era
você por causa do sorriso torto ou da voz sedutora. Não foi a sua
facilidade em ser um homem naturalmente atraente que me fez perceber
que era você, e não qualquer outro. Não foi por causa da minha
crescente confusão quando estou ao seu lado que eu soube. Não foi a
síncope cada vez que você telefona. Não foi o frio na barriga ou o
coração acelerado que me disseram que era você o cara, e não
qualquer outro neste mundo. Poderia ser qualquer um: meu vizinho, o
carteiro, o cara que pega o mesmo ônibus que eu todas as manhãs,
Seu Manoel da padaria. Podia ser qualquer um, mas é você. Todo
torto, todo errado, todo minuciosamente traçado e pensado pra mim.
Eu soube, quando dentre
todas as suas falhas, relevei principalmente o seu português ruim. O
não saber conjugar o verbo “vir”, em qualquer outro ser humano,
me irritaria profundamente. Me irritar mais do que isso, só o fato
de você parecer ignorar que o verbo viajar é com j, mas viagem, o
substantivo, é com g. E quer saber? Eu não me importo. Porque a
gramática é ruim, mas o papo tão bom!
Eu costumo perder
amigos e não as correções ortográficas. Mas deixo passar os seus
deslizes gramaticais todos, porque me recuso a perder você. E,
acredite, em se tratando de mim, fingir não reparar na ausência de
coesão da sua escrita é uma grande prova de amor.
Até imagino de onde surgiu essa gramática (ou a falta dela)!!! hahahaha
ResponderExcluirJá passei por isso também. E dispenso todas as concordâncias verbais e nominais para manter a concordância da minha verdade. A verdade ridícula de que eu amo até os erros de português daquele ser avoado.