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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ela estava num lugar onde a lembrança dele não mais a perturbava. Porque ali, onde ela estava, ele simplesmente não existia. Não viveria mais sendo assombrada pela sua presença silenciosa: quando estava tudo bem, ele sempre lhe aparecia e aprontava. Agora, ele não teria como aparecer. Não ali, naquele refúgio de vida nova.
Que ela o havia amado durante todo esse tempo, não havia dúvidas. Foi uma doação completa, pois ela havia doado até o que não tinha pra dar. Sofreu em silêncio e resignada. Nunca sentira algo tão puro e intenso por mais ninguém. Seria capaz de tê-lo amado devotadamente por toda a vida, se não estivesse cansada demais de chorar. A hora de pensar um pouco nela havia chegado.
Não que o amor houvesse perecido, mas era que ela precisava sorrir. Sempre sentiria algo por ele. Sempre teria saudades de quando ele era somente aquele que ela amava. O pensamento de que ela poderia ter amado a um personagem, fazia com que a pobre moça se contorcesse de dor. Não queria acreditar que fora, tanto tempo, apaixonada por uma mentira. O fato é que amava aquele, daquela época inicial. A pessoa na qual ele havia se transformado, e quem era hoje, não a interessava. Ao contrário, ela sentia uma certa repulsa. Culpava aquele desconhecido ser pelo sumiço do amor de sua vida.
Mas era hora de andar para frente, e era isso que ela estava fazendo. Repetia para si, tentando não ver os acontecimentos como tragédia: "Foi um belo amor, enquanto saudável. Ao menos, rendeu-me bons poemas."

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