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terça-feira, 10 de agosto de 2010

O novo ou um novo?

A ideia de que aquele flerte unilateral se tornasse mais uma de suas histórias de amor a perturbava. Positivamente. Negativamente. Era uma confusão já estabelecida.
Ora, até ali ela já havia mudado bastante, se reinventado. Deixara pra trás tudo aquilo que um dia lhe tinha feito chorar. Inclusive ele. Ela tomou a decisão de não mais carregá-lo nas costas, de uma vez que ele já pesava em demasia.
Se via pronta para viver um momento só dela, sem buscar novos amores ou suspiros. Até que inusitadamente alguém lhe despertara o interesse. E mais que isso: o desejo.
Mas se via confusa demais para assim, tão cedo, dizer "sim" ou "não". O amor passado ainda não era passado de fato, e as feridas que ele lhe deixara não estavam cicatrizadas por completo. Algumas ainda doíam. Mal havia voltado à superfície depois de mergulhar durante quase quatro anos. Não sabia se tinha fôlego suficiente para mergulhar em outra história.
Queria, mesmo, libertar-se do passado que lhe roubara os sorrisos. Mas não queria outra incerteza. Estava cansada de sofrer. Tudo o que ela precisava era de mudança. E ela, por si própria, já estava mudando. Aquela poderia ser mais uma de suas histórias de amor. No entanto, na profunda metamorfose pela qual estava passando, tudo que ela menos precisava era de mais uma daquelas histórias. Uma história igual às outras, nesse ponto, não ajudaria em nada. Ela precisava da história, aquela que fosse tão diferente quanto ela estava agora. Ela já não era mais igual, não poderia amar igual.
O sutil desejo (que mesmo um tanto quanto carnal, se fazia puro dentro dela) lhe apontava a possibilidade de gozar do êxtase do princípio da paixão: fase doce, da qual ela sentia saudades. Mas o mesmo desejo entrava em contraste com o medo de que fosse tudo igual. Não poderia ser. Ela não tinha mais o direito de (querer) sofrer demais por alguém. As feridas de outrora, ainda perceptíveis em sua alma, lhe amedrontavam: não queria o mesmo filme. E se aquela fosse a história de que ela precisava, para se sentir, então, uma mulher? O que se havia a ganhar? O que se havia a perder? Nem ela sabia...
Poderia ser o novo amor. Mas e se fosse mais um?

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