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sábado, 5 de março de 2011

Novo carnaval

Em meio à multidão
Com tantos outros rostos pra se ver
Ao acaso, ou não, se viram
Se viram sem se ver
Se viram e não sentiram
Se viram sem viver
Mas viram

Ainda mais distantes e estranhos
Quase como planetas alheios
Um ao outro representando nada
Perdidos na noite, antes da alvorada
De confetes e cores, os olhos cheios

No dia seguinte, não mais estariam juntos
Como havia sido durante anos
Foram rasgados todos os planos
Nada sobrou do sonho, então
Um coração se feriu em vão
E recolheu-se no peito dela
Amoado, acoado, sentido
Batendo forte e dolorido
Fazendo juras de não lembrar
No lugar das de eternizar

E ali na antiga quimera
Foi calado o canto dela
Naquele canto onde ela não está
Daria ele por sua falta?
Imaginaria, que na noite alta
Ela se encontra feliz, a brincar?
Não quer saber da folia de outrora
Nem dele ou de seu compasso
Alegria melhor ela tem agora
Ensaia nas ruas um outro passo
Pois desde que ele foi embora
Reza pra se prender noutro laço

O ritmo que segue não é o mesmo
O sonho que sonha também não
Sorrindo, caminhando a esmo
Traz nas mãos seu coração
Quer doá-lo sem sentir dor
Quer encontrar um novo amor
Ele, tolo, perdeu um tesouro
E ela tenta se apaixonar por outro
Outro que lhe queira e lhe ame
Outro que seja, de fato, o tal
Ela encontrou um outro homem
Em seu novo carnaval

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