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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Perdão.


Hoje quero simplesmente lhe pedir perdão. Me desculpar por uma série de coisas que fiz, que não lhe agradaram. Perdoe-me, não era a minha intenção. Assumirei, nesta carta, todas as minhas culpas, quero me retratar.
Me desculpe por atravessar no seu caminho, sem querer, impedir sua passagem e causar constragimento. Ora, era meu dever saber que você passaria por ali, e buscar outro percurso. Inventar um, ainda que não houvesse como. Perdão por todas as vezes que nos esbarramos nos corredores da escola, da igreja e da vida. Eu deveria afastar-me dos meus próprios caminhos (até os planejados há muito tempo), se visse você a caminhar por eles, despretenciosamente. Claro, você não deveria mudar de rumo, mas eu deveria tê-lo feito, já que sou tão errada ao ponto de não ter querer.
Por Deus, me perdoe por sonhar com você durante algumas considerávais noites. Que direito tenho eu, miserável, em obter sua imagem perfeita em meus pensamentos sonolentos, na brisa da madrugada? Perdão por mais que sonhar dormindo, sonhar acordada com seu rosto impecável. Perdão por imaginar uma vida ao seu lado. Não mereço nem lançar-lhe um olhar casual, quanto mais desejar pertencer-lhe? Me desculpe, caro senhor, porque mesmo sabendo de minha tamanha insignificância diante da sua magnificência, desejei uma vida ao seu lado. Desvario! Perdoe-me por tanto tê-lo ofendido!
Perdão por ter-me enamorado até de seus defeitos. Mas que afronta! Que defeito que você possui, não é mesmo? Não, não, foi decretado: imaturidade e deboche aos que mais nos amam não é defeito. É um detalhe bobo, nada errado, nada cruel!
Perdoe-me por todas as lágrimas que derramei, acusando você de ser o motivo delas. Era só meninice minha, "coisa de mulherzinha"! Você me ridicularizar não é motivo de choro. É sua diversão, você tem todo direito de fazer de mim uma piada! Perdão por ser capaz de fazer tantas coisas para lhe ver sorrir, lhe fazer feliz. Já diz o ditado: "muito ajuda quem não atrapalha"! Peço mil perdões por rezar por você todas as noites, quem sou para desejar o bem para a sua vida? Não tenho o mínimo direito de intervir nela, nem em pensamento! Perdão por pensar que me ajudaria no pior momento da minha vida. Você é tão ocupado, por que haveria de se preocupar comigo, ter compaixão? Sandice de minha parte!
Por fim, me perdoe por lhe escrever versos, e por amigos meus terem lhe importunado em algumas ocasiões, fazendo-lhe ouvi-los e lê-los. É tudo culpa minha, eu deveria tê-los impedido. Aliás, eu nem deveria lhe ter escrito. É como já dizia um ilustre poeta, de quem minha mãe sempre me falava: "o que escrevo é infantil e absurdo, é fantasia, e afinal tens razão... nem sei por que te escrevo!". Perdoe-me por pensar que lhe dava mais importância que a mim mesma: ora, eu já não tenho mesmo importância nenhuma. - Não há do que me vagloriar! - Perdão por lhe dar minha vida, por lhe amar demais. Se é que eu, desprezível, sei amar. Pensei que amasse, porque ouvi dizer certa vez, que amar consistia em abaixar-se. Achei que estender-me no chão por você seria amor, mas acho que não é o bastante. Foi tudo o que pude fazer, mas deve ser menos do que você merece. Deitei-me sobre a lama porque quis, não tenho direito de lhe culpar. Mais uma vez, peço que me perdoe. Eu, tão medíocre, julgava saber o que é amar.

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